Por Yasser Jamil Fayad
Para o Jornal a Nova Democracia
Esse é o terceiro texto de uma série com o objetivo de trazer à luz elementos que compõem uma análise da derrota de Israel e do colonialismo judaico sionista, na Palestina, diante dos eventos recentes.
Em pesquisa ao site oficial da Palestinian Central Bureau of Statistics (https://www.pcbs.gov.ps/default.aspx), no dia 16 de fevereiro de 2025, temos os números atualizados do genocídio palestino: 49.130 palestinos assassinados, 118.365 feridos (muitos destes com sequelas físicas e psicológicas permanentes), dois milhões de deslocados à força, 18.700 reféns palestinos aprisionados nos cárceres de Israel e 170.812 edificações danificadas (prédios públicos e privados, casas, escolas, hospitais etc.). Estes dados demonstram claramente o horror a que os palestinos são vítimas e, tampouco, ocultam as reais intenções do agressor israelense. Nenhum panorama como este pode ser concebido sob a justificativa de “retaliação” ou “autodefesa”; não estamos levando em conta a longa história da colonização judaica e de limpeza étnica perpetrada pela mesma.
O plano verdadeiro do colonizador judaico sionista era produzir através da violência extremada uma nova Nakba, similar a de 1948, isto é, o desfazimento do tecido social palestino ante ao horror da morte e da destruição infligidos a todos de forma indiscriminada. Achava-se assim que os palestinos sucumbiriam ao desespero e a desesperança e, por fim, abandonariam o seu território milenar em direção, neste caso, ao Egito concluindo dessa forma, a limpeza étnica planejada para Faixa de Ghaza. Restaria no horizonte do colonizador apenas o próximo passo… a Cisjordânia.
O que se viu durante estes mais de 450 dias de genocídio foi exatamente o oposto do planejado e desejado pelo colonizador. A condição de refugiados, deslocados à força pelos bombardeios israelenses apoiados e financiados pelos Estados Unidos da América e por potências europeias, a fome, sede, frio, doenças tratáveis… que foram usadas como armas de guerra pelos israelenses, a proibição da passagem de ajuda humanitária aos civis palestinos criaram uma condição de “denominador comum”, ou seja, “igualou” todo o povo palestino, na Faixa de Ghaza. Ao invés do rompimento do tecido social, o que vimos foi seu fortalecimento por laços de solidariedade ante ao destino comum e à tragédia produzida de forma planejada e desejada, pelos israelenses.
As cenas multiplicaram-se aos milhares nesta direção exposta, contudo uma das mais emblemáticas é, sem dúvida, a marcha popular em retorno do sul da Faixa de Ghaza em direção ao norte. Milhares de palestinos caminhando por cerca de 40 km em direção a um território sabidamente sem água, alimentos, eletricidade,… e sem moradia para todos. Como pode isso?
Um povo unido pela condição comum e dramática de ocupação / invasão colonizadora e resoluto em sua luta de libertação nacional só conhece uma única direção, a saber: libertação ou morte. Não é o HAMAS, nem a Frente Popular pela Libertação da Palestina, nem a Jihad Islâmica ou qualquer outra facção palestina responsável por estas e outras cenas… é o povo palestino explicitando ao mundo sua vontade e nos ensinado que quem luta – dessa forma – nunca será derrotado.
Em síntese, o povo palestino é o grande algoz do colonialismo judaico sionista.