Livro da alma

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  • Data de criação 23 de abril de 2020
  • Última atualização 23 de abril de 2020

Livro da alma

O Livro da alma, do filósofo persa Ibn Sina (ou Abu Ali al-Hussein ibn Abd-Allah ibn Sina) conhecido no Ocidente pelo nome latinizado de “Avicena”, é um dos maiores clássicos da filosofia medieval, agora publicado em português em tradução direta do árabe pelo professor e especialista nesse autor, Miguel Attie Filho, também responsável pela introdução, notas e glossário, e contando ainda com prefácio de Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento. Como se sabe, enquanto a Europa medieval perdera contato com o antigo mundo clássico, os árabes, a partir de sua expansão para além da Península Arábica, iniciada no século VII, depararam-se, no Mediterrâneo Oriental, então dominado pelo Império Bizantino, de língua grega e herdeiro da cultura greco-romana, com parte dessa cultura ainda preservada. O contato da cultura árabe com a herança greco-romana fez nascer, entre outros, a filosofia em árabe (Falsafa), que teve no diálogo com a obra de Aristóteles e nas pessoas de Ibn Rushid (Averróis) e Ibn Sina (Avicena) seus marcos principais. Dos dois autores, Ibn Sina é considerado o mais original. Erudito e poliglota, médico, político e filósofo, é autor de uma obra extensa, em que se destaca a verdadeira suma filosófica que é Al Sifa (A cura). Seguindo a tradição aristotélica, ela contém partes relativas à lógica, à física, à matemática e à metafísica. O Livro da alma pertence à parte dedicada à física. Porque a física, para os antigos, englobava o conjunto das ciências naturais. E porque a alma, aqui, é a psiquê dos gregos, ou seja, a ânima latina: trata-se, em suma, de tentar descrever a natureza da condição humana a partir de sua animação (movimento), percepção e consciência, o que inclui o estudo dos cinco sentidos e a natureza do próprio conhecimento, ou seja, a interação entre os sentidos (incluindo seus aspectos fisiológicos), o pensamento e o mundo. O Livro da alma é, portanto, um vasto apanhado do conhecimento acumulado desde os gregos até o tempo do próprio Ibn Sina pelas culturas do Mediterrâneo acerca da natureza humana. Em termos mais propriamente filosóficos, Ibn Sina faz uma síntese entre Aristóteles e Platão, este a partir do neoplatonismo de Plotino. Como o neoplatonismo é a mais antiga (e quase exclusiva) influência grega no pensamento cristão dos primeiros séculos, esta síntese tornará a obra de Avicena particularmente influente no papel de trazer Aristóteles de volta à cena filosófica e cultural ocidental, em torno do século XIII, através dos Pirineus (que dividia, então, a Espanha muçulmana da França cristã), o que por sua vez servirá de porta de (re)entrada para o renascimento da cultura clássica no Ocidente, um dos elementos principais da transição da Idade Média para a modernidade.

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