A esposa

A esposa

CARTAS DA LUTA PALESTINA

Ghassan Kanafani (Akka, 9 de Abril de 1936, Palestina – Beirute, Líbano, 8 de Julho de 1972) foi um importante escritor e militante político palestino de esquerda. Desde a adolescência lutou contra a colonização da Palestina e pela preservação da identidade cultural de seu povo como militante da Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP) – organização secular da esquerda palestina. Seus contos e romances traduzem a luta dos trabalhadores contra colonização.

A esposa

Meu caro Riad,

Você vai achar, na certa, que fiquei louco, já que esta é a segunda carta que mando no mesmo dia. Acontece que esta segunda carta vai servir para esclarecer umas coisas. Pensei que era um absurdo escrever somente para dizer: procure por aí, por onde você estiver um sujeito muito grande, alto e robusto, de quem eu nem imagino o nome, e que usa velhas roupas de cor cáqui. À primeira vista, ele parece meio agressivo.

O que você pode concluir dessas primeiras pistas com certeza, nada. A gente cruza, andando pelas ruas, com centenas de pessoas com essa mesma descrição.

Mas quero dizer que você pode reconhecê-lo porque se trata de personagem bem diferente, fora do comum. Como assim? Não sei dizer por que, para falar a verdade, não sei direito. Mas acho que desde que o vi pela primeira vez tive a impressão de que se desprendia dele um tipo de luz… Isso mesmo, uma aura, uma poeira fluorescente. Confesso a você que, no momento em que ele me parou na rua, essa poeira luminosa fez com que eu gravasse a imagem daquele sujeito enorme. Se não foi isso, como explicar que ainda agora me lembre dele, que sua imagem continue forte em minha memória, enquanto esqueço de centenas de outras pessoas com quem dou de cara a toda hora na rua e que logo somem no vazio?

Imagino que você está começando a me achar meio desequilibrado, já que continuo sem esclarecer nada. Estamos ainda no mesmo pé da primeira carta: procure um homem muito grande, robusto, de quem não sei o nome, mas que usa velhas roupas cáqui e que parece, à primeira vista, um pouco perturbado.

Acrescentei também o que acho uma característica bem importante: ele está rodeado pelo que me deu a impressão de ser um halo, uma poeira fluorescente. Mas sei que não é suficiente. Se escrevo duas cartas no mesmo dia é para colocar você a par de toda história. E você tem o direito de saber tudo o que eu sei, já que estou pedindo para me ajudar a encontrar esse homem.

Não me lembro mais de quando foi que o vi pela primeira vez, mas me lembro nitidamente de sua aparência: o jeito de quem perdeu alguma coisa importante. Andava com as costas um pouco arqueadas, as mãos abertas, olhando desconfiado para os rostos das pessoas na rua. Foi uma espécie de visão meio estranha, mas me esqueci dele logo depois. Voltei a lembrar-me quando o vi pela segunda vez. Seu olhar me arrancou literalmente do chão e me senti flutuando, como se fosse absorvido por uma nuvem invisível.

Nunca vou saber se era eu quem havia sido atraído em sua direção, respondendo a um apelo irresistível que vinha dos olhos dele ou se foi ele quem veio a mim. Colocou a forte mão sobre meu ombro e perguntou:

-Você a viu?

-Quem?

-A esposa.

Tive certeza, naquele momento, de que se tratava de um louco. O que senti, cruzando meu olhar com o olhar duro desse sujeito, foi o mesmo que se experimenta quando a gente encara alguém que perdeu a razão, que não tem mais o senso da realidade. Escolhi, naquela hora, uma saída fácil, dizendo:

-Não, eu não vi.

Ele soltou a mão pesadamente. Virou-se de costas e escutei o que falou, como se conversasse consigo mesmo:

-Você diz isso…há mais de dez anos…

Depois, quando desapareceu na multidão, me senti de repente impressionado pelo fato de que seu imenso corpo estava rodeado daquela coisa que eu disse parecer poeira fluorescente, aquele halo luminoso que os pintores renascentistas colocavam ao redor do Cristo debruçado sobre os pobres. Você se lembra daqueles cartões de boas-festas que a gente recebia?

Eu tentei, em vão, voltar a encontrar esse homem. Mas são coisas que acontecem num piscar de olhos. Procurei como alucinado pelas ruas, andando varias vezes do início até o fim daquela que havia visto. Havia centenas de homens que se pareciam com ele, mas já não adiantava mais nada.

Ainda continuo a procurar, e peço que você me ajude. Sei que você está bem longe daqui, que muitos quilômetros nos separam. Mas o que impediria esse homem de dirigir-se, envolvido por sua luz inexplicável, a qualquer lugar distante quilômetros daqui?

Pedi a mesma coisa a outras pessoas antes de escrever a você. E faço a você o mesmo apelo que fiz a todo mundo. Já estou falando disso até mesmo com gente que mal acabo de conhecer. Preciso confessar, Riad, que até acabei indo mais longe.

Uma noite pensei: se esse homem pegou o costume, durante dez anos, de interrogar as pessoas sobre a “esposa”, como ele fez comigo, com certeza elas acabam sentindo o que eu senti, um dia, a caminhar pelas ruas. Meus olhos se fixaram nos de um sujeito que passava, um desconhecido. Antes mesmo que eu refletisse um pouco sobre o que fazia, parei o homem. Pus a mão sobre seu ombro e perguntei:

-Você viu a esposa?

Pode me chamar de louco. Mas isso foi exatamente o que fiz. Ajudou-me a compreender mais coisas sobre aquele homem e a “esposa” perdida. O pior é que agora não consigo mais me livrar dessa vontade de parar as pessoas na rua e fazer a mesma pergunta sobre a “esposa”.

Mas a coisa está feia. Agora preciso voltar ao ponto de partida, a esse homem envolvido por sua poeira luminosa e cujos olhos, lábios, sua mão pesada, me colocaram pela primeira vez diante da estranha interrogação. Preciso rever esse homem, Riad, porque consegui algumas informações sobre a “esposa”.

Riad, ele é da aldeia Shaab. Sua história começa, acho num dia de junho de 1948. A guerra fazia o sangue correr após seis meses de luta. Não sei todo o seu nome, mas sei que se entregou ao combate como poucos. Esteve por todo lado: na vanguarda, na retaguarda, no socorro aos feridos. Para seu trabalho, ele precisava saber os horários das operações com pelo menos duas horas de antecedência, o tempo necessário para fazer a entrega do armamento. Todos os respeitavam pelo papel que cumpria. Era tão escrupuloso que chegava ao ponto de, antes de cada operação, encarregar um companheiro de entregar a arma ao seu proprietário, caso caísse durante a luta. Era meticuloso, acertando detalhes como o funcionário de um banco respeitável, ainda que nunca houvesse visto um banco, respeitável ou não. Por seis meses, não teve problemas. Nem chegou a ser necessário que tivesse sua própria arma.

Não sei por que ele teve a ideia, num dia de junho, de se apoderar de uma arma. Era até uma boa ideia, pois os combates mais sérios se concentravam, na época, justamente naquela região da Galiléia. O inimigo havia atirado suas principais forças nessa batalha e as levas de emigrantes começavam a crescer dia a dia, cruzando as colinas rumo ao norte.

Ele não demorou muito para se decidir. Antes do fim da primeira semana de junho já tinha resolvido. Durante um combate cujo nome esqueci, passou a arma a um companheiro e começou a rastejar sob as nuvens de fogo, em direção ao lado inimigo. Ele sabia que muitos soldados deles haviam sido mortos sobre as linhas avançadas. Se esperasse o fim dos confrontos, poderia perder a chance, pois o inimigo levava de volta os soldados mortos e suas armas, puxando-os com cordas.

Conseguiu chegar às trincheiras calcinadas. Uma espessa escuridão o envolvia. Deixou-se cair numa das trincheiras e arrancou com os dentes o fuzil de um soldado morto, examinado a arma à luz das explosões. A seguir, voltou para junto dos companheiros.

A novidade logo se espalhou pelas aldeias da região, não porque fosse a primeira vez que isso acontecia, mas porque o tal fuzil era de um tipo desconhecido ali.

Não quero esticar muito a história. Depois, ele foi chamado à chefia local, instalada numa aldeia próxima. O oficial já estava sabendo do famoso fuzil. Quando o teve em suas mãos, arregalou os olhos:

-Mas é fuzil tcheco!

Os outros se aproximaram para ver de perto a nova arma. O aço brilhava a luz da lanterna. Tinha uma coronha escura, marrom, e uma coreia amarela, nova, feita por mãos cuidadosas. Seu tambor. Sobre o gatilho, parecia uma coroa.

Uma voz se ouviu no outro lado da sala:

-Então podemos concluir que eles receberam um novo carregamento de armas dos países do Leste. Precisamos passar a informação ao quartel general.

O oficial aprovou, balançando a cabeça:

-Eu mesmo vou levar este fuzil ao quartel-general.

Deixo que você imagine Riad, o que aconteceu então. Nosso amigo se agarrou ao fuzil, mas, como você sabe, ordens são ordens. Ele lhes disse:

-Mas será que não vão acreditar se vocês derem as informações sem mostrar o fuzil? Além disso, podem ganhar tempo… Eu mesmo posso, se quiserem, levar o fuzil…

Todos seus apelos deram em nada. O oficial tentou tranquiliza-lo: jurou que iria devolver o fuzil dois dias depois, com carga nova.

Os dois dias se passaram. Depois, uma semana inteira daquele mês em que cada minuto contava, em que as pessoas morriam, as aldeias eram arrasadas, os campos ardiam. Nosso amigo ia de chefia local para casa e voltava de casa para a chefia. Diziam-lhes: “Espere um pouco…”; depois: “Volte amanhã…”. Mas os acontecimentos daquele mês decisivo, como você deve lembrar bem, não esperaram. E dois desses acontecimentos desabaram sobre ele, de repente, num mesmo dia. Uma manha, ele descobriu que o oficial acabara de transferir a chefia local para o norte, para um lugar desconhecido de todos. Mais tarde a aldeia de Shaab sofreu o primeiro ataque inimigo: os morteiros atingiram as casas de barro seco e queimaram os olivais num abrir e fechar de olhos.

Quem poderia emprestar a nosso amigo um fuzil no meio de uma tempestade assim? De nada vale um fuzil, nessas horas, para permitir a um homem romper as barragens de fogo e achar abrigo seguro ou mesmo uma morte honrosa. Fazer o quê, em meio aquele mar de chamas? Esperar a loucura? Não lhe passava pela cabeça fugir, e a loucura não poderia lhe dar mais do que ele já tinha em sua vida normal. Restava-lhe a morte. Mas a morte não queria nada de quem havia estado sempre nas primeiras linhas de combate, lutando com suas armas emprestadas.

Então, ele se sentou onde estava, sobre uma pedra no meio da praça de sua aldeia. Ficou olhando: as casas queimavam, os homens morriam, sua família fugia amparada pela noite, em busca de um refúgio. Quando Shaab foi ocupada, eles apareceram. Vendo-o na praça, sentado, acharam que era um louco. Foi espancando com as coronhas dos fuzis, expulso para o norte.

Andou dia e noite através do que restava da Galiléia, procurando seu fuzil por onde passava, perguntando a todos os combatentes que encontrava pelo caminho. Era como se escavasse os rostos e as coisas em busca do fuzil que havia guardado por apenas algumas horas e com o qual nunca havia apontado para coisa nenhuma.

Você sabe o que a aconteceu com a aldeia de Shaab? Pouca gente sabe, e é preciso você saber par que entenda toda a história. Nosso amigo foi empurrado pelo calor sufocante até El Baroua, indo dali até Magd Al Kroum, Al Boana, Dir El Assad, Kesra, Kafr Samii, sempre atrás de informações sobre seu fuzil. Seguia as pegadas, guiado pelas histórias que ouvia e pelos homens que as contavam. Quando chegou a Tarshiha, teve noticias recentes de Shaab. Os quarenta combatentes da aldeia, que haviam sobrevivido ao ataque, dirigiam-se ao alto comando do Exercito de Libertação, no norte. Solicitaram ali o alistamento. Mas quando perceberam que esse exército não pretendia lutar pela retomada de Shaab, eles o abandonaram e voltaram sozinhos. Atacaram as forças que ocupavam a aldeia e conseguiram libertá-la, após uma batalha que durou a noite inteira.

Pode até parecer incrível para você. Mas foi assim mesmo. Os quarenta combatentes voltaram a sua aldeia queimada, conseguiram libertá-la e perseguiram os soldados inimigos até a encruzilhada de Damon. Dez deles morreram durante a caçada.

Foi isso que aconteceu, Riad, no coração de uma região toda cercada pelas forças inimigas. Os trinta homens ficaram na aldeia destruída, repelindo noite e dia os ataques seguidos. Enquanto isso, o nosso amigo, em Tarshiha, farejava a trilha de seu fuzil. E já começava a senti-lo bem próximo, quase ao alcance da mão. Aquela altura, ele achava que com mais um dia encontraria sua arma e voltaria a Shaab.

Mas os acontecimentos nunca esperam. Um dia, o inimigo retomou Shaab. Os homens que a defendiam tiveram que abandoná-la após terem perdido cinco dos seus. Esconderam-se nas colinas próximas, onde as pessoas da região costumavam, ate pouco tempo atrás, levar as cabras para pastar.

Nesse dia nosso amigo soube que um novo fuzil tcheco andava em mãos de um velho numa pequena aldeia ao norte de Tarshiha. Caminhando sem descanso, chegou ao cair da noite, arrebentando de tanto andar. Ali, disseram-lhe que os vinte e cinco sobreviventes de Shaab haviam deixando as colinas. Apenas com seus fuzis e algumas facas, tinham lutado por toda a manhã, reconquistando as ruínas. Estavam entrincheirados ali, depois de terem sofrido mais três baixas.

Nosso amigo ainda acompanhava as notícias de seu fuzil de porta em porta. Soube então: o velho que o possuía havia partido pela noite para cruzar as colinas. Talvez quisesse se juntar aos combatentes que se reuniam ao sul de Tarshiha, esperando um ataque decisivo do inimigo. Ele, então, sem perder mais um segundo, voltou a Tarshiha. Ficou sabendo que os homens de Shaab, que lutavam nas ruínas de sua pequena e isolada aldeia, o esperavam. Era sua aldeia, mas por ela não havia tido ainda a chance de disparar uma única bala.

Quando chegou a Tarshiha, teve noticias de Shaab. Os combatentes, extenuados, haviam sofrido um ataque-surpresa realizado por grande número de soldados do inimigo. Foram obrigados a abandonar mais uma vez a aldeia, perdendo sete homens durante a retirada. Desapareceram na colinas, levando quatro feridos.

Nosso amigo achava que ia ficar louco, correndo de um lado para outro, dividindo entre as notícias de Shaab e as que falavam de seu fuzil. Os combatentes que haviam escapado tentaram uma nova investida, descendo das colinas somente duas horas depois de sua retirada. Com um rápido ataque, retomaram suas posições, conseguindo ainda provocar pesadas perdas entre os homens do inimigo e apoderando-se de uma boa quantidade de armas e munições.

Não sei quem foi que disse a ele em Tarshiha que os combatentes de Shaab poderiam conseguir-lhe uma arma como aquela que procurava, mesmo se ele voltasse a sua aldeia de mãos vazias. Não sei também como foi que ele reagiu a essa idéia. Nesse mesmo dia, em Tarshiha, ele reconheceu, as costas de um homem que passava pela praça, seu fuzil.

Como havia feito no dia em que arrancou a arma do soldado morto com seus dentes, ele tentou retomá-la. Mas o fuzil continuou sobre as costas do outro. Surpreendido pela ousadia daquele estabanado desconhecido, o homem voltou-se para enfrentá-lo. Pressentindo a confusão que ia ter lugar, agarrou-se com força ao fuzil, usando uma mão livre para proteger-se da investidas do gigante.

Mas o pobre homem era incapaz até de falar naquele instante. Fiquei sabendo que chorou, tremendo de febre. Seus lábios secos murmuravam palavras incompreensíveis.

-É meu fuzil! – conseguiu por fim articular com voz apagada.

Suas mãos estavam agarradas à arma e seus olhos se fixavam no outro como que esperando uma aprovação. Ouviu de volta:

-Seu fuzil? Desgraçado! Paguei o preço dele com meu próprio dinheiro, não faz dois dias…

A pergunta que nosso amigo era incapaz de fazer estava inscrita em seus próprios olhos. A resposta não demorou:

-Isso mesmo, com meu dinheiro. Comprei, na frente de cinco testemunhas, de um oficial que ia para o norte. Custou cem libras…

As mãos relaxaram, mas ainda sem deixarem de tocar o fuzil. Pareceia estar a ponto de desabar, mas fez um novo esforço para dizer:

-Preciso dele para voltar a Shaab…

-Shaab? Os sionistas a ocuparam outra vez, há poucos dias.

Nosso amigo então largou o fuzil lentamente e recuou uns dois passos. Um pouco mais tranquilo, o outro perguntou:

-Era seu esse fuzil?

Em resposta, teve apenas o silêncio e um aceno de cabeça, que não escondiam o desespero.

-Paguei por ele com o dote de minha única filha. Há muitos anos eu recusava dar minha filha como esposa àquele velho estúpido. No fim fui obrigado a aceitar… Quando ele pagou cem libras. As cem libras com que comprei, um quarto de hora depois, este fuzil de um oficial.

Essa foi a última vez que o viram em Tarshiha. Seguiu depois para o norte. Com certeza ouviu dizer, antes de atravessar a fronteira, que seus dez camaradas sobreviventes de Shaab haviam descido as colinas dois dias mais tarde e que conseguiram retomar, com armas improvisadas, sua pequena aldeia destruída.

Não sei o nome da moça que foi vendida pelo preço de um fuzil. Não sei o que foi que o outro homem fez com o fuzil, nem como foi que acabou a história de Shaab para seus combatentes que sumiam como manteiga no fogo.

Nosso amigo sobreviveu como o único dos habitantes de Shaab? É bem capaz… Eu não sei, para falar a verdade. Mas talvez seja possível que ele continue a procurar, com seu olhar estranhamente pesado, seu fuzil perdido, para poder se juntar aos que o esperavam na aldeia em ruínas.

Por que você não procura esse homem comigo, meu caro Riad? Eu repito: ele é grande, robusto… Não sei o nome, mas usa velhas roupas cáqui e parece envolvido por uma fina poeira fluorescente. Ele fica cara a cara com as pessoas na rua e pergunta: “Você viu a esposa?”. À primeira vista, a gente só pode achar que é um louco.

Procure amigo, por onde for possível. Acabei de receber há pouco algumas novas informações a respeito da esposa…

Foto de Ghassan Kanafani.

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